É bastante comum ouvirmos o seguinte jargão : "Para ser amado pelo outro preciso amar a mim mesmo."
Mas afinal, não é egoísta dizer que devo me amar primeiro ?
Não. Egoísta é nos relacionarmos com o outro sem nos amarmos porque vamos usar aquela pessoa como válvula de escape das nossas próprias frustrações.
Vamos ser chatos, inconvenientes, grudentos, excessivos, pedantes, arrogantes, medrosos. O outro, nesse caso, é usado como um instrumento de auto afirmação para o nosso ego mimado.
Como uma criança que ainda não desenvolveu a autopercepção e ganha uma boneca: quebra a cabeça da boneca, corta o seu cabelo, pinta o corpo da boneca, coloca-a na máquina de lavar, seca seu cabelo com secador quente destruindo todo o nylon. Afinal, o objeto é parte da sua autodescoberta. Quando ela brinca, ela se desenvolve. Por isso, ela usa o objeto a seu bel-prazer. No caso da criança essa brincadeira é criativa, no caso do adulto passa a ser destrutiva. O adulto que não se ama é muito mais egoísta porque usa o outro como um objeto para satisfazer suas próprias carências. Ele pode ir destruindo o outro e a si mesmo gradativamente quando exige afeto, quando exige atenção, quando exerce seu sentimento de posse, quando tenta impedir o outro de exercer sua excelência.
Por isso, o adulto que não se ama, não se vê. Suas sombras estão sempre projetadas no espelho das relações. Ele não convive consigo mesmo, não se percebe. E claro, como não percebe a si mesmo, não percebe ninguém.
Mas afinal, como amar a si mesmo ?
Minha sugestão é: através da meditação. Quando transcendemos o ego, conseguimos entrar em contato com o nosso verdadeiro Ser. Assim, podemos nos abastecer da beleza que há em nós mesmos e, ao nos relacionarmos, vamos ter o que dar. Seremos uma cachoeira que jorra água em abundância e não como uma torneirinha quebrada de onde só saem algumas gotinhas miseráveis de água suja provenientes de um tubo estragado. (Gisela Vallin)
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