O EGO HUMANO
AUTO CONTROLE
Precisamente quando nos tornamos descontraídos, começam novas queixas interiores, de maneira sutil e aparentemente inocente. Se lhes dermos ouvidos, ficaremos insatisfeitos; então, nos é apresentada uma solução tentadora, sob a forma de uma pessoa, ideia ou objetivo desejável.
Embora a tentação possa parecer inofensiva, assim que a levarmos a sério ela assume inteiramente o controle e intromete-se com energia. Tudo isso acontece porque, “ao lhe darmos ouvidos” ou irmos encontrá-la a meio caminho, permitimos que o ego (mente carnal) adquira poder.
Ocorre uma situação similar quando percebemos que o elemento inferior (eu inferior), em outras tentativas, procura nos manipular ou nos desestabilizar. Para responder corretamente aos inferiores dos outros, precisamos antes identificar quaisquer tendências dos nossos inferiores (mente carnal e eu inferior) a ir ao encontro dos outros.
A observação do mal nos outros invariavelmente desperta nosso ego, o qual procura revidar insulto com insulto e golpe com golpe. Procurando justificar-se, ele julga que, por ter de aceitar a disciplina, os outros também devem ser punidos a restringidos.
Se permitimos que o ego seja brusco e intolerante, ele desenvolve um poder demoníaco. Para minar esse poder, temos que retomar à humildade. Isto talvez exija que recordemos como fomos ajudados a superar algumas de nossas fraquezas.
Possivelmente, teremos de relembrar o poder que nossos medos e equívocos tiveram sobre nós, bem como nossa dificuldade em livrar-nos deles, pois são os mesmos medos e equívocos que provocaram nos demais a maldade por nós observada.
É necessário acordar para a necessidade de mantermos o ego desarmado em presença do ego dos outros — ou de seus inferiores indisciplinados. Quando as pessoas não são sinceras, não devemos nos desgastar em reações iradas e frustradas, pelas quais perdemos nossa independência interior.
Tampouco devemos tentar resolver problemas através de conflitos e esforços ou com enganos e seduções. Em vez disso, compete-nos seguir o caminho da franqueza, pelo qual os problemas podem ser naturalmente resolvidos. Isto é possível quando concedemos espaço aos outros e quando mantemos nossa dignidade e independência interiores.
Para controlar nosso ego e nossos inferiores, é essencial que não os alimentemos ouvindo suas queixas lamuriosas. Fortalecemos os maus pensamentos quando lhes concedemos uma séria atenção.
Deixar de ouvi-los, depois que eles começaram, requer persistência e firmeza. É mais fácil dobrá-los ainda no início; quanto mais os acalentarmos, mais completamente eles nos convencerão de seu ponto de vista.
Se o mal fica à mostra nos outros, devemos fiscalizar e conter imediatamente nossa reação, de modo a não aquiescermos nem combatermos. Entregamos a questão ao Cosmo (Presença Eu Sou), apegando-nos em uma perspectiva justa e moderada de tudo o que acontece.
Ao controlar nossos inferiores, precisamos identificar o nosso estado emocional:
Estamos impacientes, irritados ou frustrados? Desejamos alguma coisa? Estamos pensando em erros que as pessoas cometem ou pretendemos julgá-las como irrecuperáveis?
Estas vozes do ego deixam a perseverança em risco; se continuarem sem fiscalização, em pouco destruirão nossa independência interior, que possui o verdadeiro poder para superar o mal.
Para controlar os inferiores dos outros, procuramos tolerá-los e aguardar que seja possível uma oportunidade para a boa influência. Ao mesmo tempo, não servimos de instrumento a eles nem acatamos quaisquer demandas que possam fazer.
Não explicamos nossa posição nem a defendemos. Fazer confidências sobre nosso sistema de vida a alguém que não se mostra receptivo resulta apenas em desgaste nosso.
Devemos perceber, também, que não podemos superar o mal. Só conseguiremos miná-lo através da modéstia (sendo conscienciosamente corretos), da reserva e do poder da nossa independência interior (verdade interior).
Podemos identificar o mal, porém, não devemos permitir que ele nos atraia para seu vórtice. Temos êxito nesta batalha quando, apesar de tudo, guardamos (ou recuperamos) compaixão por aqueles que erram. Sabemos que eles erram porque não compreendem as verdades da vida, aquelas que os liberariam das forças obscuras.
Quando conseguimos manter a disciplina durante situações tão desafiantes, percorremos meio caminho ao encontro do Criativo (Divino), desta maneira alcançando a ajuda necessária para completarmos nossa tarefa.
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